domingo, 9 de dezembro de 2012

Florianópolis - SC

Depois de mais de 15 anos voltei a Floripa e posso dizer que a ilha da magia como todos gostam de chamar, certamente tem seus encantos. Para mim o sul da ilha é inquestionavelmente mais atraente com seu ar bucólico e pacato de cidadezinha do interior, mas é claro que toda a ilha reserva um charme por cada pedacinho que passei.



Cheguei a noite na cidade e fui pegar o carro que já havia reservado na Inova, através como sempre do site Rent Cars. Dali fui direto para pousada onde me hospedei que fica em Canasvieiras, Pousada do AbaetéA pousada é uma gracinha, tudo bem limpo e novo. O café da manhã é razoável, mas para o custo benefício está bem justo. A pousada fica a alguns passos da praia e do trapiche de Canasvieiras.

No dia seguinte o tempo não estava muito bom mas mesmo assim saí para conhecer outras praias e passei por Jurerê Internacional onde vi as mansões e o pessoal que bebe champagne as 10:00 nos lounges a beira mar. Passei pelo famoso P12, atração principal da noite em Jurerê para os mais plays - eu já passei da idade.



Andando segui em direção a praia da Daniela que não tem nada demais, parece até uma lagoa de tão calma. Ótima para quem vai com crianças ou para os que preferem ficar boiando apenas. Desci para Sambaqui onde tem diversos restaurantes super charmosinhos, porém quase todos fechados. Dali segui em diante para Santo Antonio de Lisboa aonde pude conhecer as casas açorianas e a igreja Nossa Senhora das Necessidades.



Ainda fui um pouco mais adiante até Cacupé. A via segue toda pela orla da baía que é uma graça e tem um pôr do sol incrível que pude presenciar nos dias seguintes. Já voltando devido ao mau tempo  dei uma passada em Ratones mas não vi nada de interessante por lá.



Foi então que peguei a rodovia sentido Praia Brava. Aí sim vi uma praia de verdade. Praia pra mim tem que ter onda e lá estavam todas elas, lindas. Pena o tempo não ter cooperado, mas esta praia com certeza está entre as minhas favoritas. Nada de muvuca e bastante espaço na areia. Existem apenas dois pontos problemáticos. O primeiro é que o acesso aos cadeirantes está destruído, só off road para passar ali e o outro é que não tem nenhum lugar para comprar uma água que seja, portanto para passar o dia por lá tem que levar um cooler e aí fica tudo resolvido.



Voltei para Canas e fui então comer alguma coisa e deixar o dia terminar só observando o vai e vem desta praia. Primeira parada, Restaurante Terra Santa. Primeira e última porque eu não volto mais nesse restaurante. Atendimento péssimo, tempo de espera absurda, falta de itens do cardápio e para completar um terrível camarão que na verdade eram filhotes. Moral da história, belisquei um ou outro, paguei e fui embora.



Caminhei um pouquinho e parei no então chamado, Restaurante Trilegal que se diz especializado em frutos do mar. Tudo bem, já sei que é super out pedir a sequência de camarão mas pedi mesmo assim, queria ver e degustar para poder opinar. Decepção total. Mais uma vez os filhotes de camarão estavam lá. Para piorar a minha impressão eu achava que vinha uma coisa de cada vez, sem pressa, para não esfriar e para a mesa não ficar tão cheia de pratos, mas não, de repente oito travessas estavam sobre a mesa. Detalhe básico, um deles com bolinhos de siri - a sequência não era de camarão????



Enfim, já passavam das 16:00 minha fome não era mais tão legal assim como o nome do restaurante e lá fui eu encarar a sequência de filhotes de camarão com bolinhos de siri. Ao final quando pedi a conta tive a absoluta certeza que comer sequência de camarão é mais do que out, é tragic.

Pode ser que em algum lugar de repente você encontre uma sequência digna de aplausos e quando encontrar, por favor, me avise, ainda tenho esperanças de que uma sequência de uma iguaria tão saborosa como o camarão mereça ser contemplada.

Mas tudo bem, fim de tarde e o sol apareceu e fui curtir esse momento caminhando pela praia de Canas e voltei ao hotel.



No dia seguinte, após ter visto toda aquela movimentação no trapiche lá fui me aventurar a bordo de um navio pirata. As 11:30 todos para dentro do Pérola Negra. O passeio é bacana para ter uma visão contrária a que estamos acostumadas e segue em direção as praias da Cachoeira, Ponta da Canas e Lagoinha. Depois para na Ilha do Francês para banho e segue até a Praia do Forte, onde passamos pela enorme Fortaleza de São José da Ponta Grossa.



Retorna passando por Jurerê e Jurerê Internacional e atraca novamente em Canasvieiras. Tudo isso regado a muito gangnam style, encenações teatrais e um tipo de aeróbica dance no mar...rss. Para os mais empolgados um prato cheio de diversão, mas você pode ficar também quietinha na sua, apenas contemplando o passeio e ser chamada de múmia o tempo todo pelos piratas do navio. Valeu a experiência mas é o tipo de passeio altamente recomendável a crianças.



Já era 15:00 quando retornei ao continente e fui para Lagoa da Conceição. Trânsito básico de sempre, mas nada comparado as horas que todos ficam parados no verão. Já tinha lido sobre um restaurante chamado Barracuda e fui lá que parei. Toda má impressão que estava com os outros restaurantes acabaram aqui. Desde a hora que você estaciona o carro até pagar a conta o atendimento é impecavelmente perfeito.



Pedi de entrada a sugestão do garçom, a casquinha da Dadá (que é uma mini moqueca - divina de boa) e para beber a famosa cerveja viva, Coruja. A propósito eles tem uma carta de cervejas especiais sensacional, mas como estava dirigindo só experimentei uma e depois passei para o suco. Para fechar com chave de ouro camarões pistola grelhados. Confesso que ir embora foi difícil, tudo estava perfeito e super saboroso na medida ideal. Fica a super dica. Estando em Floripa não deixe de saborear os pratos excepcionais deste restaurante.




Mas vamos caminhar que o dia ta quase terminando e já que estava na Lagoa dei um pulinho até a Joaquina apesar do relógio marcar 19:00 o dia estava claro e é por isso que eu amoooo o horário de verão. As dunas ainda estavam cheias e a galera curtindo o sandboard. Para os amadores é possível alugar uma prancha e sentir a adrenalina de descer por ali.



Como já era "tarde" voltei para Canas porque a noite ainda seria longa. Tive a imensa sorte de estar no local certo, no dia exato. Nada mais do que showzaço de Joss Stone no Stage Music (onde fica também a Pacha de Floripa), em Jurerê Internacional e lá fui eu :D "Baby, baby, baby - Tell me do you love me now..." Foi sensacionaaaaalllll.

No domingão São Pedro resolveu deixar tudo mais bonito e o sol apareceu. Momento exato de pegar a rodovia mais uma vez e desta vez descer ao sul da ilha. Destino - Ilha do Campeche. Segui direto até a praia da Armação de onde eu já sabia que saiam os barcos para a ilha. Lá você deixa o carro em algum estacionamento paga R$ 10,00 para o dia todo e vai até o trapiche onde estão os barcos de pescadores para fazer a travessia. Na Associação dos Pescadores Artesanais fica uma senhora dando as devidas informações turísticas do local. A travessia ida e volta custa R$ 40,00 por pessoa. 



Muito importante! Na ilha do Campeche existem dois bares que muitas vezes não abrem segundo os pescadores, portanto é aconselhável levar água e algo para beliscar, mas não se preocupe pois você não ficará isolado do mundo. Na ilha o sinal de celular pega perfeitamente.


E lá fui eu mar a dentro a bordo de um barquinho de pescador e as ondas batendo sem parar - seguuuuura. A travessia demora 40min e quando você chega é de agradecer a Deus mais uma vez por viver em um país tão rico de lugares paradisíacos. No meu caso agradeci por isso e pelo bar estar aberto porque não tinha comprado nem água - foi tudo perfeito. 



Depois descobri que chega-se a ilha também saindo diretamente da Praia do Campeche por botes infláveis e a partir da Barra da Lagoa com escunas. Passei o dia inteiro na ilha só curtindo aquele mar transparente. Tudo bem que a água é um pouco geladinha, mas depois que acostuma fica tudo delicioso.

As 16:00 já estava em terra firme novamente e então continuei descendo e fui até a praia do Pântano do Sul conhecer o tão falado Bar do Arante e seus milhões de papeiszinhos. A praia é linda, o bar é realmente uma atração local mas não sei se tive azar de pegar um garçom mau humorado porque o atendimento foi péssimo e a casquinha e as ostras no bafo também não estavam lá essas coisas. Valeu a visita, mas minha expectativa era de que fosse bem mais bacana. De qualquer forma em uma outra oportunidade voltarei para saber se foi só uma primeira má impressão ou não.



De lá dei uma volta pelo centro de Floripa e tentei ir ao Mercado Público para conhecer o também famoso Box 32, mas acreditem - domingo não abre. Não entendi porque um ponto turístico tão bacana fecha suas portas aos domingos, mas enfim...não conheci.



Ainda tinha o belo pôr do sol pela frente e então fui rumo a uns dos melhores lugares para se apreciar o entardecer, Sambaqui. Lá parei no Restaurante Pitangueiras e encerrei o belo dia e entrei a linda noite comendo mais umas ostrinhas, afinal de contas estava em Florianópolis.



Quase todas as noites chegava no hotel tão cansada que só dava tempo para o banho e cama. Bons sonhos e até amanhã.

Mais um dia de sol e como era o último pois a vida segue e tenho que trabalhar, fui conhecer algumas praias por onde ainda não havia passado. Fui até a bela Praia do Santinho onde fica o Resort Costão do Santinho e de lá um pulo na Praia dos Ingleses.



Decidi então me despedir da ilha lá onde tudo acontece, na Lagoa da Conceição mais uma vez, só que agora parando nos mirantes. A vista é realmente muito bacana e de lá segui para passar o dia onde dizem que a vida é dura mas a Praia é Mole :D



Aqui qualquer pessoa de bom gosto sente-se em casa. Bares lindinhos com lounges a beira mar, musiquinha ideal com bebida e comida boa - estava assim sendo encerrada meus dias na ilha da magia. 



Mole mesmo eu dei por não ter ido até a Praia da Galheta que era só atravessar a pedra do índio, mas fica para a próxima.

Na volta para o hotel ainda fui dar um mergulho em Jurerê Internacional, mas ventava tanto que ficar na areia não estava sendo bacana e então peguei minha garrafa de veuve clicquot e fui embora...rssss - em Jurerê é assim.


"...Ainda lembro lá em Floripa,
Olhávamos a lua e o mar,

Namorando a noite inteira,

Até o dia chegar.
Sem ver o tempo
A cada momento,
Eu queria te falar
Que de mãos dadas
E sempre juntos,
O mundo nós iremos mudar...."
(Chimarruts)

domingo, 23 de setembro de 2012

Ilha de Marajó - PA

Mochila nas costas e lá fui eu para mais uma grande aventura em terras pouco exploradas. A maratona da viagem começou as 23h45 e só cheguei ao destino final doze horas depois. Cheguei em Belém 02h10 e lá, fiquei esperando no aeroporto até 06h00 para ir ao porto pegar o barco que faz a travessia para Ilha de Marajó. Existem apenas dois horários para seguir rumo a ilha, 06h30 e 14h30, portanto programe-se para não perder a viagem.



Existem duas opções dentro do barco: R$ 15,89 para ir no térreo ou no primeiro piso em cadeiras comuns ou a taxa de R$ 25,50 para chamada, sala vip que fica no terceiro piso e conta com cadeiras melhores, tv e ar condicionado. Optei pela tal vip pois estava sem dormir a horas e como seriam mais três horas de travessia achei que ia conseguir descansar um pouco. Ledo engano. A tal sala é pequena, cheira a mofo e as pessoas entram e saem o tempo todo fazendo com que você não consiga descansar. Isso sem contar que, por ser o ponto mais alto do barco, peguei um trecho que  balançou tanto que se não tivesse estrutura para aguentar teria passado mal, ou seja, caso pegue este barco Marcos Matheus, opte pela passagem mais barata que sua viagem será bem mais prazerosa.


Depois de três horas e meia dentro do barco, enfim avista-se o Porto de Camará já na Ilha de Marajó. O maior arquipélago fluvial do mundo está localizado ao norte do Estado do Pará, na foz no rio Amazonas e é banhado ainda pelo rio Tocantins (ao sul) e pelo Oceano Atlântico (ao leste). Com extensão de 104 mil km² e uma população de 435 mil habitantes, a ilha possui 16 municípios e dizem que para cada habitante existem 3 búfalos. 


Chegando na Ilha o mais indicado é que você já tenha reservado sua locomoção até a pousada. Quando o barco atraca no Porto você chega em Salvaterra, mas fiquei hospedada em Soure e para isso ainda tinha uma travessia de balsa. Dezenas de carregadores pulam dentro do barco para oferecer seus serviços, portanto não se assuste.



De lá, já tinha reservado o transporte direto com o pessoal da pousada e não tive nenhum problema. Achei a van do Sr Edgar, aliás quase todas são dele e partimos adiante. Cobram R$ 12,00 por pessoa para fazer este trajeto. A van segue com trilha sonora de marajó e ar condicionado ligado no "doze" porque o calor é de matar. Super abafado e com tanta água ao redor é por isso que quase todos os dias cai uma pancada de chuva durante 15min e depois o sol volta a brilhar. 

Chegando no local para fazer a travessia de Salvaterra para Soure vi o primeiro búfalo da viagem. Este trecho é rapidinho, 20 min e cheguei a tão esperada capital da Ilha - Soure. 




A van me deixou direto na pousada que fiquei hospedada. O Canto do Francês é uma pousada simples e charmosinha. Tem uma área verde grande com redes e mesas para as refeições e nos quartos, tv, frigobar, ar condicionado, tela para mosquito nas janelas e banheiro. Tudo o que eu precisava para meus dias na ilha.

Depois de 12h no ar, estava muito cansada, fui direto tomar um banho, comer e beber algo. Assim iniciei os trabalhos. Cerpa (que é cerveja oficial do Pará) com queijo marajoara (diretamente dos búfalos) :D 



Uma relaxada na rede e pernas para que te quero. Para se locomover por lá optei pelos moto táxis que me levavam e buscavam na hora que eu quisesse em todos os lugares. E assim passei esses dias conhecendo Soure com o Sr Benaldo, super simpático e atencioso, me levou para conhecer tudo. Ah! Vale lembrar que a corrida deles para locais mais próximos custa R$ 4,00 e o mais distantes como a praia do Pesqueiro, por exemplo custa R$ 24,00 ida e volta.



Então para não perder o dia inteiro, fui para praia da Barra Velha. No meio do caminho o cenário já começa ficar inusitado. Búfalos a cada esquina andando livremente pelas ruas e na estrada para praia um grupo de guarás, lindos.



O caminho para chegar a praia é inacreditável. Uma ponte que atravessa um mangue enorme. É incrivelmente diferente de qualquer caminho que já tenha feito para chegar a uma praia. Muitos caranguejos, aves de várias espécies, cavalos e claro, búfalos. Vi também uma grande aranha caranguejeira na ponte e isso me fez andar mais rapidamente. É natureza puuuuuuura :D



A sensação de quando você sai daquela mata com mangue sobre a ponte e abre-se um clarão com o imenso mar a sua frente, é realmente emocionante. A praia da Barra Velha tem poucos quiosques e pouquíssima frequentada o que eu achei mais maravilhoso ainda. Fiquei no quiosque Netuno e ali comi um óóóóóótimo caranguejo tomando água de coco. A distância é tão grande, mais tão grande que nem fui até o mar. Várias piscina se formam antes de chegar até lá, e por ali fiquei alegre e contente.



Na hora combinada lá estava Sr Benaldo para me buscar e então fui fazer uma refeição de verdade no restaurante Delícias da Nalva. Já havia pesquisado e tinha lido coisas boas sobre o restaurante, mas conhecer a Dona Nalva foi ainda melhor. O restaurante ainda não estava aberto mais ela me recebeu de braços abertos e foi preparar um filhote (peixe da região que de filhote só tem o nome) ao molho de camarão. Poucas vezes comi um peixe tão bom. Ainda acompanhava farofa de castanha do pará e vinagrete de limão de caiena. Isso sem falar que antes de tudo isso ela me deu um licor bem gostoso que eu nem lembro do que era, uma jarra enorme de suco de cupuaçu e pra finalizar um cafezinho que é torrado junto com erva doce e acompanha um biscoitinho de castanha.



Eu particularmente jamais tinha escutado sobre este limão e achei uma delícia. Na verdade depois descobri que não se trata de um limão, é da família da carambola, porém é muito usado como limão. Esse fruto, dizem ter vindo de Caiena (capital da Guiana Francesa), por isso o nome e entrou no país através do Amazonas. Depois deste banquete e muitas histórias contadas pela Dona Nalva voltei para pousada e desmaiei.

No dia seguinte acertei direto na pousada para fazer um passeio na Fazenda São Jerônimo. As 09h em ponto já estavam lá na porta da pousada. O passeio custa R$ 75,00 já incluso o transporte para ir e voltar para a pousada e vale muitíssimo a pena. Nas fotos abaixo você vai entender porque.


Tudo começa com a simpática recepção do Sr Brito que já começa a conversa perguntando se você quer passar repelente de onça...rss Conversamos sobre o turismo local e a falta de apoio que faz com que ele próprio tenha que criar meios de divulgação para manter o turismo na fazenda. Isso porque a Fazenda São Jerônimo é conhecida internacionalmente pois lá foi realizado o programa No Limite 3 além da culinária de sua esposa, Sra Jerônima que prepara pratos regionais dignos de chefs internacionais irem visitá-la para aprender suas receitas.


Além de ser a primeira vez na minha vida que subi em um búfalo o meu ainda por cima era loiro. É uma experiência e tanta guiar um bichão desse tamanho. Segui por uma trilha e no meio do caminho ele comeu vários folhas e eu ali com um medo danado de ser derrubada, mas no final deu tudo certo e foi super divertido.


Depois de percorrer este trecho chega um ponto aonde a trilha segue a pé por palafitas entre um imenso manguezal deslumbrante. Em vários pontos passei por entre as árvores e o mais curioso são essas árvores que se uniram e tem uma lenda que dá nome a trilha. Os mangueiros apaixonados. Diz a lenda que índios de tribos rivais se apaixonaram mas foram proibidos de ficarem juntos. Foi então que os dois foram até este local e tomaram um veneno e anos depois nasceram sob forma de dois mangueiros abraçados entre si.


Eis que, não mais que de repente saio do mangue e chego a uma praia completamente deserta. Só vendo para crer o tamanho das raízes dessas árvores. A cena é indiscutivelmente reveladora, a vontade é de sentar ali e ficar por horas só admirando tudo isso e claro, sair correndo e se jogar nessa imensidão de águas.


Mas o passeio continuava e dali segui de canoa a remo subindo o rio até voltar a fazenda e mais uma vez vários tipos de pássaros passaram na minha frente o tempo todo. O percusso todo do passeio dura apenas três horas, mas é tudo tão intenso que parece muito mais tempo. Portanto fica a super dica. Não é válida a ida a Soure sem visitar a Fazenda São Jerônimo. Na volta, lá estava Sr. Brito já esperando com um magnífico suco de acerola. Depois de mais um pouco de prosa voltei para pousada para segunda etapa do dia.

Hora de conhecer a Praia do Pesqueiro e lá fui eu de moto táxi mais uma vez. Esta praia fica a 8km do centro da cidade e é a que tem maior estrutura com quiosques, artesãos e uma vila de pescadores. 


As praias de Soure são espetaculares. Uma imensidão de terra, mar e rio quase sem ninguém. Eu me sentia cada vez mais no paraíso e por lá fiquei até o sol se por.


Eis que de repente pude presenciar a tão famosa chuva da tarde do Pará. O céu ficou cinza e a nuvem veio vindo do mar até que chegou a praia com força total. Nos quiosques momento de tensão absoluta. Todos saem correndo para recolher mesas e cadeiras porque o vento chega levando tudo. Nesta hora fui para dentro do quiosque aonde estava, Maloca de Deus e ali continuei  degustando as delícias de marajó com o mundo caindo lá fora. Bastam 30min e tudo volta ao normal como se nenhuma chuva tivesse caído ali, é incrível.


Depois de um dia inteiro cheio de aventuras e paisagens novas na minha vida, voltei para pousada para descansar um pouco e dar um volta a noite pela cidade. Literalmente foi o que fiz, dei uma volta com direito uma pequena parada na barraca da D. Iolanda para experimentar os sabores do Pará.


A cidade não tem absolutamente nada além de algumas barraquinhas de sorvete, açaí e comidas típicas. Confesso que achei tudo bem estranho. O tacacá é algo muito bom para comer se estiver com ressaca, tenho certeza que cura na hora. O sabor é único, não consigo compará-lo a nada e o jambu de fato é uma folha que deixa sua língua anestesiada. Já a maniçoba tem um aspecto que não me agradou, mas o sabor lembra uma feijoada. Detalhe, caso queira tomar um refrigerante depois desta gastronomia bem diferente não ache que terá facilmente esses que estamos acostumadas. Guaraná por lá chama-se Garoto e Carimbó - dooooooce de doer.
E assim mais um dia termina. De volta a pousada porque amanhã é dia de acordar cedo para o último dia na ilha.


Uma passada pelo farol da ilha que existe desde 1888 e foi solicitado por Visconde de Mauá. Fica na ponta do Garrote, na Praia de Mata Fome. Depois uma voltinha pelo centro da cidade com direito a uma parada na Igreja Matriz Nossa Senhora da Consolação, construída entre 1936 e 1942 e depois fui conhecer o Curtume. Há mais de 50 anos Sr Antenor produz vários tipos de artesanatos em couro de búfalo e lá mostra todo o processo para quem quiser e aguentar ver e sentir o cheiro do couro do búfalo em processo de curtimento.


Seguindo agora para conhecer a casa de artesanato Arte Mangue Marajó do artesão Ronaldo Guedes que tem trabalhos incríveis de peças exclusivas em madeira e cerâmica. Além disso Ronaldo e sua esposa Cilene ajudam na capacitação de pessoas da comunidade gerando renda. Outro ponto obrigatório para levar aquela lembrança de Soure.


E assim me despedi da Ilha de Marajó. Lugar encantador que com certeza ainda terei que voltar algumas vezes pois nesta rápida viagem só conheci um único município dos dezesseis que a ilha tem. As 15h, o único horário da balsa no domingo, lá estava para voltar a Belém.

Como só tinha a noite para conhecer a cidade, lá fui eu. Direto para o hotel tomar um banho, deixar as malas e um super mini tour por Belém. Tive a imensa sorte de sair do porto e pegar um taxista, Sr Melo (91 9190-2121 ou 91 8141-0898) super simpático e já deixei combinado com ele este tour e lá fui eu.


O passeio começou pelo imponente Theatro da Paz, que infelizmente estava fechado então só pude observar seu exterior. Seguimos pelo Mercado Ver-o-Peso e no cais estavam embarcando muitos quilos de açaí. Andando pelas ruelas do centro de Belém passamos pelo prédio do tradicional jornal O Liberal.


Logo depois fomos ao complexo Feliz Lusitânia, aonde ficam os locais mais lindos do ponto de vista turístico da cidade. Este complexo é uma praça onde estão o Forte do Presépio, o complexo de Santo Alexandre, a Catedral da Sé, a Casa das Onze Janelas e a Igreja de São João.


E para finalizar o tour parei na Estação das Docas, um lugar super interessante em Belém. São três enormes armazéns com vários bares, restaurantes, ações culturais e moda. Parei no restaurante Lá em Casa e comi um filé marajoara com suco de bacuri. Para sobremesa não tem como deixar de comer um sorvete da Cairu que conta com muitos sabores regionais e é tradição no Pará.

Fim de festa, hora de voltar ao hotel para descansar apenas algumas horinhas porque o vôo da volta sai na madrugada.

Enfim, conheci uma pequena área do norte do nosso país que me encantou demais e que espero ainda poder explorar vários outras.

" Quando eu morrer 

se eu não for pro céu 
eu vou lá pro Marajó
montar num cavalo baio
debaixo das cores do sol..." 
(Eduardo Dias)


Informações úteis: Soure conta com agências do Banco do Brasil, Banco da Amazônia, Caixa Econômica (Lotérica) e Bradesco (Correio).
Inverno: de janeiro a junho / Verão: de julho a dezembro
Na volta o barco de Soure para Belém foi outro chamado Soure, neste vale a pena ir na sala vip.
Existe a opção de aluguel de bicicleta na cidade com o Bimba - 91 8135-1065.

sábado, 4 de agosto de 2012

Cavalcante - GO

Apesar de já ter feito um post sobre a Chapada dos Veadeiros resolvi fazer um separado e especial a Cavalcante pois este pequeno município abriga a  maior porcentagem do parque e sem dúvida nenhuma as mais belas cachoeiras da região.

O acesso é fácil e acredito que o mais curto seja saindo de Brasília. São apenas 310km por rodovias asfaltadas com a visão de muito cerrado pela frente.




Já tive o imenso prazer de estar aqui por três vezes. A primeira só de passagem pois acabei ficando em Alto Paraíso, distante a 90km e nas outras duas me hospedei na cidade mesmo. Da primeira vez fiquei na Pousada Fazenda Veredas que tem seu acesso por estrada de terra a 5km do centrinho de Cavalcante. A pousada fica exatamente no acesso a cachoeira que leva o mesmo nome. São sete quedas pela serra de Santana mas este complexo eu não consegui visitar pois o acesso é difícil. 

A pousada tem uma deliciosa estrutura: piscina com aquecedor solar, bar, restaurante, salão de jogos, muitas redes para um merecido descanso e um papagaio que toda manhã vai até o espaço onde é servido o café da manhã para "roubar" um pão de queijo. Ele voa livremente entre os hóspedes e é uma das atrações da pousada. A única coisa chata foram as pererecas que insistiram em ficar no banheiro do quarto todos os dias, mas faz parte né!



Na segunda oportunidade que tive de estar no paraíso fiquei hospedada na Pousada Vale das Araras que possui apenas nove chalés para que você tenha bastante privacidade e se desligue do mundo. A pousada não tem tv, nem acesso para celular e muito menos a internet. O inconveniente desta vez foi uma cobra que apareceu na porta do chalé e por sorte um atendente do local viu e deu fim a bichinha. Confesso que para dormir depois disso não foi fácil, mas para quem ama viver assim em total afinidade com a natureza precisa estar preparada para essas situações. 


Também em seu território, a pousada guarda uma cachoeira chamada Bartolomeu de fácil acesso por uma trilha de 1,7km bem agradável e lá fui conhecer essas águas.


Na mesma estrada que vai da cidade para as pousadas está o bar/restaurante da Cervejaria Aracê que é uma cerveja artesanal fabricada em Cavalcante por um chileno, Sr Manolo que decidiu viver no paraíso. Parada obrigatória da cidade.


Acordar bem cedo para ver o belíssimo nascer do sol da Chapada é um motivo a mais para aproveitar o dia inteiro de belezas naturais.


Já era 10hs quando peguei estrada e fui conhecer umas das cachoeiras mais lindas da Chapada. São 27km de estrada de terra até a comunidade quilombola dos kalungas onde obrigatoriamente você precisa pegar um guia para ir junto até as cachoeiras, uma forma de renda que a comunidade adquiriu.


Saí tarde pois já sabia que a Cachoeira Santa Bárbara tem a mata bem fechada e o sol só aparece entre 11hs e 13hs. No meio do caminho uma parada no Mirante Serra da Nova Aurora que também serve de rampa para vôo livre.


Estrada para que te quero. O caminho para o paraíso não é dos mais simples, mas qualquer carro consegue chegar atravessando algumas poças, pedras e muita areia. Ah! Vale lembrar que só existe um posto de combustível na cidade com o litro da gasolina caríssimo, mas para abastecer em outro lugar só indo a cidade mais próxima que é Teresina de Goiás e fica a 23 km de Cavalcante.


Ao chegar no Engenho II encontrei com outro grupo que estava indo para cachoeira também e dividimos o pagamento da guia. Até seis pessoas o valor é de R$ 50,00 pago diretamente aos guias e mais R$ 10,00 para ter acesso a cachoeira. Andamos mais um pouco e logo adiante paramos o carro e daí para frente a trilha segue por 1km até a cachoeira.


Já no caminho dentro da mata fechada existe a primeira pequena queda da cachoeira Santa Bárbara. Linda e deslumbrante este pequeno poço de águas translúcidas é um convite de braços abertos para o começo da diversão. 


Porém, este era apenas o início da brincadeira. O encantamento da cachoeira ainda estava por vir. Mais alguns passos por uma pequena trilha e lá está a Santa Bárbara, a cachoeira mais linda que já vi até hoje.


Águas límpidas que horas ficam azuis, outras esverdeadas com uma cachoeira de 30m e um magnífico poço para mergulho.


Passei maravilhosas horas neste lugar mágico e lindo demaissssss.


Hora de continuar a trilha e seguir rumo a Cachoeira Capivara. Voltamos para pegar o carro e seguir agora para o outro lado mas bem próximo a comunidade e com uma trilha de apenas alguns metros.


Voltei para a cidade no fim da tarde e parei para almoçar no restaurante que fica bem na praça central de Cavalcante chamado Flor do Cerrado. Simples mais com uma comida gostosa e preços honestos.

Não espere que tenha alguma coisa para fazer a noite na cidade porque não tem. Dê-se por feliz em achar lugares abertos para comer algo fora das pousadas. De qualquer forma o ideal é sempre dormir cedo mesmo para aproveitar o dia inteiro. Eu como sou uma pessoa do dia, acho perfeito :D

No dia seguinte saí mais cedo pois o destino do dia era bem mais distante. Cachoeiras do Rio Prata lá vou eu. São 60km de estrada de terra passando por alguns pontos poucos aconselháveis a carros comuns. O ideal sempre é 4x4 para não correr o risco de ficar no meio do caminho.


Depois de quase uma hora de estrada, lembrando que mais uma vez é preciso pegar um guia na comunidade dos kalungas, enfim chega-se ao local onde é obrigado deixar o carro pois existe o início de uma construção ilegal de uma pousada em terreno kalunga mas que simplesmente fecharam a passagem. Sendo assim a caminhada até a última cachoeira Rei do Prata agora só é possível ter acesso depois de 12km (ida e volta) de trilha.

Como já era quase 12h não foi possível ir até o Rei e a Rainha que são as duas últimas cachoeiras, mas nem tudo estava perdido pois a 2km por uma trilha que só os guias conhecem, a recompensa.


A beleza da cachoeira do Prata é estonteante e o acesso é de nível médio. São três grandes poços de águas verdes lindíssimas e descemos até a última para ver tudo de vários ângulos.


Pense em lugar absurdo de maravilhoso só pra você! Foi assim este dia - não tinha mais ninguém na cachoeira. 

Ainda tinha mais um pouco para saborear na trilha e então ficamos por ali um pouco e pernas para que te quero. Mais 3km de caminhada e chega-se a um local com vários poços bastante profundos e ótimos para o banho com uma vista linda para os paredões da chapada.



Cavalcante é uma cidade com diversas cachoeiras divinas, vale a pena passar pelo menos uma semana por lá e explorar toda a região até o Vão do Moleque mas como o meu tempo foi apenas um final de semana ainda terei que voltar outras vezes para conhecer todas as belezas que este município preserva.


Até a próxima parada em algum lugar inusitado e lindo deste Brasil.