Há muito tempo eu vinha me perguntando: Porque até hoje não conheço nada em Minas Gerais? Sempre soube da ótima receptividade dos mineiros, da excelente gastronomia e de lugares incríveis que este enorme Estado tem a oferecer. Foi então que resolvi acabar com este jejum e fui comer os autênticos pães de queijo.
Ainda no aeroporto conheci um casal super simpático que estava chegando do Maranhão. Eles me deram várias dicas e ainda por cima se ofereceram para dividir o táxi até o hotel.
Detalhe muito importante: aeroporto de Confins é realmente "no fins", longe pra caramba. De lá para o hotel já começa a viagem - 40 km. Eu ia pegar um bus executivo mas, essas almas bondosas encurtaram meu trajeto. Já cheguei adorando ainda mais os mineiros :). Portanto, fica a dica: Vá preparado para gastar mais de R$ 100,00 caso queira pegar um táxi ou então, informe-se através da empresa que faz alguns trajetos do aeroporto para a cidade - http://www.conexaoaeroporto.com.br/.
No dia seguinte, saí do hotel e fui direto pegar o carro na Movida. Gostei bastante do atendimento e todo serviço prestado - recomendo. Feito isso, pé na estrada para a primeira estadia na cidade de Tiradentes - 190km a frente.
O trajeto para as cidades históricas de Minas pode ser feito através da Estrada Real e foi por ela que fui. Bastante movimentada o tempo todo e com alguns trechos belíssimos.
Chegando a Tiradentes, dei uma rápida passada pela cidade e fui direto para Pousada Anjos Astrais onde me hospedei. Super recomendada! Dudu que me recepcionou é uma figura de outro mundo. A pousada é simples mas, com aconchego ideal e um café da manhã delicioso ao som de mantras com direito a uma incrível vista da Matriz de Santo Antonio e muitos beija-flores.
Tomei um banho, recarreguei as energias e rua. A região central de Tiradentes fica no Largo das Forras, onde concentram-se inúmeros bares, restaurantes e as famosas charretes que fazem o tour pela cidade.
Andando pela belas ruas de pedras imensas de Tiradentes, segui rumo a Matriz, um dos mais belos templos do barroco brasileiro e consegui registrar uma pequena foto do interior desta monumental igreja que tem seu altar todo revestido em ouro.
A maioria dos pontos turísticos cobra um valor de R$ 3,00 a R$ 4,00 para entrada. Para quem gosta de conhecer o interior das igrejas, vale a pena.
Descendo a rua da matriz você encontra a Casa das Câmaras (construída em 1717), Capela dos Passos (construída em 1740) e a linda arquitetura residencial por todos os lados.
A caminhada continua, aliás, a melhor forma de ver pequenos detalhes na cidade. Mais adiante, algumas lojinhas de decoração e muitos doces e cachaças.
A noite cai - é hora de parar no Largo de nome propício e ir às forras :D
Antes de voltar a pousada, ainda dei uma passada no Chafariz de São José e no Santuário da Santíssima Trindade.
No dia seguinte é hora de partir para a cidade de São João Del Rei. Bem que tentei embarcar de maria fumaça, mas já tinha partido. O jeito foi pegar o carro e seguir adiante.
São apenas 16km de Tiradentes a São João Del Rei. Chegando na cidade o primeiro ponto que encontrei foi a Estação Ferroviária, mas ainda estava fechada. Um senhor me informou que só abriria na parte da tarde e então segui para conhecer outros pontos.
Igreja Nossa Senhora do Rosário e Arquitetura de São João Del Rei
Depois de um rápido passeio pela cidade voltei a estrada para mais 110km rumo a Congonhas, mas antes de lá chegar - hora de almoçar - e estando em Minas Gerais esqueça qualquer tipo de dieta. Aqui em cada cidade que se passa existe uma guloseima melhor que a outra. Parei para comer no meio do caminho, estava em Lagoa Dourada e avistei um lugar bastante simpático. Acertei em cheio - infelizmente não lembro o nome do restaurante mas a comida estava divinamente saborosa.
Confesso que minha vontade depois deste divino almoço era de deitar nessa rede e tirar uma soneca, mas a estrada me esperava e lá fui eu.
Informação importante: logo que você entra em Congonhas aparece uma casinha com título, Informação Turística. Parei na mesma hora pois, precisava achar a Basílica. Primeiro obstáculo: tive que acordar a senhora policial que fazia vigília no local (vigília do sono, diga-se de passagem), depois de explicar o que eu queria ela foi chamar outra pessoa que também estava dormindo e me explicou como chegar de tal forma que se eu tivesse seguido sua indicação estaria lá até hoje. Esqueça essa casinha e siga em frente - logo aparecerão várias plaquinhas sinalizando a Basílica. Siga-as e logo chegará sem nenhum problema. Vale salientar que nesta cidade só existe esse ponto de visitação interessante, é para entrar e sair, mas vale muito a pena, por que trata-se da Basílica do Senhor Bom Jesus de Matosinhos (1757), concluída em 1790 com o seu notável conjunto dos 12 profetas bíblicos esculpidos em pedra-sabão entre 1800 e 1805 pelo maior artista do gênero no Brasil: Aleijadinho.
Como disse Germain Bazin, "para o homem deste tempo, tudo é espetáculo". Esse fausto decorativo tinha ademais um propósito didático, já que o catolicismo compreendia que "a arte pode seduzir a alma, perturbá-la e encantá-la nas profundezas não percebidas pela razão; que isso se faça em benefício da fé".
As esculturas esculpidas por Aleijadinho são realmente fantásticas e poder ver de perto a beleza e a perfeição de cada uma dessas esculturas, vale a visita até Congonhas.
Hora de voltar para estrada e desta vez chegar até o destino final do dia: Ouro Preto. Lá se vão mais 56km e o trajeto mais lindo da viagem.
Já era final da tarde quando cheguei a Ouro Preto e fui direto procurar a Pousada Inconfidência Mineira pois, a neblina já se instalava na cidade e aquelas ladeiras fazem o carro patinar que é uma delícia. Depois de algumas ajudas consegui chegar a pousada e lá fiquei. Já faziam 11ºC e só pedi algo para comer para aproveitar o dia seguinte.
Eram 07:50hs quando levantei e a neblina começava a ir embora.
Tomei meu café e fui para rua conhecer as ladeiras de Ouro Preto. Depois de encarar uma descida super íngreme a primeira igreja avistada foi a São Francisco de Paula (1804) que fica ao lado do cemitério e tem uma belíssima vista da cidade.
Seguindo em direção a Praça Tiradentes passei pela igreja Nossa Senhora das Mercês e Misericórdia. (1771 a 1793)
Na praça central, estacionei o carro e fui andar pelas ruelas da cidade. A Praça Tiradentes foi o local onde a cabeça de Tiradentes ficou exposta (1792). Hoje no local está o monumento, uma estátua de bronze em sua homenagem que fica em frente ao Museu da Inconfidência.
Em Ouro Preto para visitar os pontos turísticos é cobrada uma taxa de R$ 8,00, mas existe meia entrada aos estudantes. A praça é ponto central da cidade e em sua volta existem várias lojas, cafés e restaurantes.
Bem próximo dali, está a igreja Nossa Senhora do Carmo que era frequentada pela aristocracia da cidade. O projeto é de Manoel Francisco Lisboa, pai de Aleijadinho (1766 a 1772).
Descendo as escadarias da igreja fui andando por essas ladeiras cheias de histórias e arquitetura peculiar até a igreja Matriz Nossa Senhora do Pilar. Considerada uma das mais requintadas do barroco conta com mais de 400 anjos esculpidos e 400 quilos de ouro e prata.
Depois de descer tantas ladeiras não pensei nem por um segundo em subir as ladeiras de volta - assim que vi o táxi voltei para praça. Para voltar a pé só sendo atleta e esse não é o meu caso.
Indo para o outro lado da praça passei por um café tão lindo que não resisti e entrei. O Café Cultural Ouro Preto é um delicioso local que une excelente música, ótimos quiches e os mais variados tipos de bebidas. Além de tudo isso este lindo café tem uma galeria de arte na parte superior. Local imperdível na cidade.
Depois desta deliciosa pausa e do encantamento que tive neste café, voltei para as caminhadas nas ladeiras. Bem próxima ao café está a feira de pedra-sabão que fica em frente a igreja São Francisco de Assis, a mais famosa da cidade. Construção iniciada em 1766, é uma das obras de Aleijadinho e Mestre Ataíde.
Descendo um pouco mais, encontrei a Igreja Nossa Senhora da Conceição, onde estão enterrados Aleijadinho e seu pai - em anexo a igreja está o Museu Aleijadinho.
Depois desse rápido passeio ainda estiquei até Mariana e passei pelo ponto mais famoso com as duas igrejas na praça Minas Gerais. Igreja de São Francisco de Assis (1762), onde estão os restos mortais de Mestre Ataíde que infelizmente estava fechada, pois a igreja corre sério risco de desabamento e a Igreja Nossa Senhora do Carmo (1783).
Subindo as ladeiras da cidade, encontrei a bela igreja São Pedro dos Clérigos que tem aparência bastante diferente de todas as outras devido sua influência italiana. Do Largo de São Pedro tem-se uma bonita vista da cidade.
Feito isso, hora de pegar a estrada novamente e seguir de volta para Belo Horizonte.
A viagem foi deliciosa. Bastante corrida, mais valeu. Dica para quem pretende seguir esta rota: disponha de tempo para passar mais dias em Tiradentes e Ouro Preto. As outras cidades vale uma visitinha rápida e como não consegui andar de maria fumaça e nem visitar a mina da passagem é certo que voltarei, uai!
