sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Serra Gaúcha - RS

Há tempos planejava uma viagem pelas serras gaúchas e foi exatamente na fatídica época de copa do mundo que aproveitei para fazer esse delicioso roteiro que tem a combinação perfeita de turismo e gastronomia. Saindo de São Paulo, em 1h30 de voo, cheguei a Caxias do Sul já com muitos graus a menos. O aeroporto da cidade - Hugo Cantergiani é tão pequeno que as locadoras de veículos ficam do outro lado da avenida a vinte passos da saída. Lá fui eu para pegar o carro na locadora City que já estava reservado. Tudo ocorreu bem fora o fato de na devolução do veículo ser cobrada de um adicional para lavar o carro sendo que praticamente todos os dias choveram, enfim, nem tudo pode ser perfeito né. Tudo acertado, chega de conversinha e bora pegar a estrada rumo a Bento Gonçalves.


A entrada de Bento Gonçalves já mostra que a cidade guarda ali - dezenas de vinícolas que estão ao dispor para degustação - na famosa rota dos vinhos com seu enorme barril de portal para entrada da cidade. A parada foi rápida, apenas para uma foto e fui atrás da pousada. No caminho a Maria Fumaça e a igreja central São Bento fazem parte do tour.
Chegando a Pousada do Chalé fui super bem recepcionada e logo deixei a mala no quarto e fui almoçar. Super indico esta pousada que fica em uma ruazinha super sossegada e os quartos são novinhos, tudo limpíssimo, uma delicia.


Primeira parada para degustação da culinária gaúcha. Como já havia lido em vários blogs e todos falavam da mesma Casa di Paolo fui atrás para saber se era tudo isso mesmo. No entanto, fiquei sabendo que o restaurante Canta Maria é da mesma rede e ficava bem mais próximo, lá fui eu.
Resumo do menu: caro demais para um simples galeto temperado na cerveja, vale apenas para tirar a prova dos nove. Mas, vamos ao que interessa - que o Vale dos Vinhedos me espera. uhuuuuu o/


Aqui começa a tão esperada melhor parte da viagem, o enoturismo. A partir daqui basta escolher quais vinícolas serão visitadas e desfrutar da saborosa degustação dos melhores vinhos feitos no nosso país.
Como já passava das 14h tive que acelerar o passo e a primeira parada foi logo na imponente Miolo que por sua vez também é a primeira da rota.
Quando cheguei, por sorte uma visita guiada ia começar e lá fui eu conhecer as caves da Miolo. A visita guiada custa R$ 15,00 com direito a uma pausa para degustação de três tipos de vinhos em uma sala reservada. Na saída existe uma lojinha com os produtos e você caso queira comprar algo, tem metade do valor de volta para usufruir. Eu obviamente sai de lá com algumas garrafinhas e utensílios. Dica: Lote 43, safra 2011. Um dos melhores vinhos brasileiros que já tomei até hoje. Trata-se de uma safra especial de uvas merlot e carbernet sauvignon envelhecido por um ano em barricas novas de carvalho francês e depois de engarrafado, mais um ano nas caves. 

O passeio vale a pena se você nunca fez e tem a curiosidade para saber e entender um pouquinho como são os processos. Na minha opinião basta fazer um e pronto, todos os demais serão iguais.

Bem em frente a vinícola Miolo está um outro atrativo da rota, é o Hotel e Spa do Vinho que dizem ser maravilhoso vivenciar um banho vinoterápico. O Hotel já chama atenção por sua estrutura. Eu só passei para tirar umas fotos e seguir adiante. Minha vinoterapia estava começando :D


O Vale dos Vinhedos ou a Rota dos Vinhos como é mais conhecido, tem dezenas de vinícolas e a estrada é boa e de fácil acesso, basta escolher onde parar e deliciar-se.


Infelizmente quando lá estive além do horário já ser um pouco tarde a chuvinha não deu trégua. Como algumas vinícolas estavam cheias nem me aventurei em parar. Pelo caminho ainda desci em uma loja que só vende roupas e acessórios de couro mas tudo caríssimo e assim continuei andando.

Eis que de repente quando já me aproximava do fim da rota entrei na vinícola Peculiare e bingo, melhor escolha impossível. A extrema simpatia do Sr Zorzi já te deixa bastante a vontade para passar horas na vinícola experimentando todos os vinhos e batendo papo. Além disso, de fato os vinhos aqui produzidos tem o diferencial de serem absolutamente artesanais e de extrema qualidade, aqui fui surpreendida por um vinho com três uvas: carbenet, ancelota e merlot de nome, Peculiare Assemblage. Tão bom que acabei trazendo uma garrafa e mais algumas de suco de uva integral - delicioooooooso. Super indico a visita e os produtos tem um ótimo custo.

No segundo dia, mais um delicioso dia cheio de neblina e desta vez a rota era o Caminhos de Pedra. Este lindo roteiro tem as mais belas e conservadas casas de pedra, madeira e alvenaria da região. São casas centenárias que preservam todo o aspecto que os imigrantes italianos levaram a serra gaúcha. Existem duas rotas de turismo, a Linha Palmeiro que trazem os pontos de visitação e a Linha Pedro Salgado onde estão os pontos de observação. Eu fiz a Linha Palmeiro e digo, foi espetacular.


Infelizmente peguei algumas casas fechadas, não sei se por ter ido cedo ou porque era dia de folga mesmo, mas de qualquer forma é incrível vivenciar este lugar. Destaco duas casas que fizeram com que eu passasse mais tempo do que todas as outras. A primeira é a Casa da Ovelha que no caminho já chama atenção por todo cuidado que eles tem de jardinagem na casa formando as tão famosas ovelhas. É parada obrigatória para comprinhas. Produtos de todos os tipos para todos os bolsos. Molhos, iogurtes, queijos, cosméticos e vestimentas com a mais pura lã de ovelha. Existe ainda um passeio pelo parque das ovelhas mais eu fiquei só na loja mesmo e trouxe comigo um irresistível cachecol, chapéu e luva com lã de ovelha :D


A outra casa de destaque é a Cantina Strapazzon que ainda hoje mantém a casa construída em 1880 onde posteriormente virou a cantina (para armazenar os vinhos). Este cenário fez parte do famoso filme "O Quatrillo" e hoje em dia a família abre suas portas cobrando uma taxa de R$ 5,00 para visitação e acompanhamento de um guia que conta todos os detalhes e ainda faz a degustação de vinhos, sucos, queijos e salames. É um verdadeiro deleite e eu claro, não pude sair sem levar algumas peças de salame e garrafas de vinho e suco.
Como esta viagem foi um pouco corrida, pois são muitos lugares para conhecer e tinha poucos dias, logo após este roteiro peguei estrada e segui em direção a Garibaldi para então continuar na dureza das rotas...rssss, desta vez a Rota dos Espumantes. 

Antes de tudo, uma pausa para o almoço que não poderia deixar de faltar, uma bela churrascaria gaúcha. Estava no meio de Garibaldi sem saber pra onde ir e foi então que consultei o tripadvisor e segui em direção a churrascaria Angelo's. Um pequeno restaurante no centro da cidade que cumpriu a risca a fama do bom e tradicional churrasco gaúcho. Excelente custo benefício, bom atendimento e carnes absurdamente suculentas. O Angelo's fica na Av. Independência, 314, e o telefone é (54) 3462-1731.

Siesta? Nem pensar! Rota dos Espumantes ai vou eu!!! Chovia sem parar e a rota conta com cinco vinícolas. Entre as mais conhecidas estão a Chandon e a Peterlongo e eu optei pela última pois trata-se do primeiro champagne do Brasil.


O passeio guiado é bem interessante. Também é cobrado uma taxa de R$ 10,00 que ao final pode ser revertido metade na compra de produtos. Além da história desde o surgimento da vinícola em 1913 você conhece todo o processo do método champenoise e ainda as máquinas utilizadas naquela época, bem como a primeira caixa de garrafas de champagne produzida e o carro da família Peterlongo. O momento mágico do passeio pra mim foi saber que ali foi a primeira cave subterrânea do Brasil onde Sr Manoel Peterlongo viu que tinha uma passagem de ar muita intensa e desta forma poderia finalizar as bebidas, já que naquela época não existiam climatizadoras. Um viva aos seguidores do monge Dom Pérignon - bebamos sempre mais e mais estrelas.

Após esta degustação hora de pegar estrada novamente e seguir rumo a Canela para o próximo pernoite da viagem. A chuva insistiu em me acompanhar e junto a ela uma neblina que as 18h já não se enxergava dez palmos a frente. Enfim cheguei a pousada Floresta Negra. Só deixei as malas, tomei um banho e fui para cidade comer alguma coisa.

Cheguei ao centro da cidade e me deparo com a belíssima Paróquia Nossa Senhora de Lourdes, mais conhecida como Catedral de Pedra.


A igreja é dos principais atrativos da cidade. Também pudera sua grandiosidade e beleza fazem com que qualquer um para e contemple esta imensa obra de arte datada de 1953. Com estilo gótico, 65m de altura e um carrillhão de doze sinos de bronze fabricados na Itália.


Deslumbramentos à parte, hora de comer e foi ali na praça mesmo que fiquei, mais uma vez salva pela tripadvisor. Uma pizzaria temática chamada Toca da Bruxa chama atenção e lá fui eu conhecer essa peripécia de Canela.

O local é totalmente decorado com uma temática de halloween e tem dois ambientes. Um salão grande para o rodízio e outro espaço menor, chamado cemitério, onde fiquei, para o serviço à la carte. Um local inusitado e com diversão garantidíssima para as crianças. Ah! Vale lembrar que as pizzas também todas com nomes temáticos são bem saborosas, vale a visita.

No dia seguinte, agora sim conseguindo ver melhor a pousada, vale dizer que todas as vezes que voltar a Canela com certeza este será meu destino. Super aconchegante, silêncio maravilhoso, atendimento bastante atencioso e café da manhã caprichado. O único detalhe é que o pagamento é somente em cash, mas nada que já sabendo antecipadamente cause transtornos.

Depois de uma magnífica noite de sono e um ótimo café da manhã, hora de bater perna. Fui direto à Gramado para aproveitar o dia e fazer a terceira rota da viagem: a dos chocolates. Frio, neblina, chuva, tudo junto tipicamente sulista e lá fui eu. Para completar era dia de jogo, Brasil e Chile. A cidade estava bem cheia e depois de perambular por algumas lojinhas e comprar algumas coisinhas tratei de arrumar logo um local na famosa Rua Coberta do centro de Gramado.

Gramado resume-se a Av. Borges de Medeiros e Av. das Hortênsias. Pare o carro e ande, pois, existem muitas lojas boas para compras de sapatos, bolsas, casacos e muuuuuuuitos chocolates. Além disso, nesta mesma rota você conhecerá a igreja matriz São Pedro e o Palácio dos Festivais, onde é realizado o Festival de Cinema de Gramado com o famoso prêmio kikito.

A Av. das Hortênsias que liga Gramado a Canela também tem vários pontos turísticos e bastantes outlets, principalmente de calçados, vale dar uma paradinha. Por lá você pode optar em conhecer alguns museus como: Museu de Cera, da Harley, da Moda, de Super Carros, o Reino do Chocolate e assim por diante.


De volta à Canela, pausa para o jantar. Desta vez fui a procura dos famosos fondues da serra e cheguei ao Restaurante Tucano, porém, eles dividem em dois ambientes e o piso superior onde servem o fondue já estava lotado, e então, esta experiência fica para uma próxima viagem. De qualquer forma pedi um prato a la carte que atendeu muito bem minha expectativa e apesar do valor um pouquinho alto, valeu a pena.



Último dia de passeio na serra e lá fui eu comprar uns souvenirs e fazer um brunch na lanchonete mais famosa da região, o Skillo Lanches. Eu fui na unidade de Canela e de fato os lanches são bons e o estilo é de lanchonete americana de beira de estrada. 

Bora andar que o solzinho resolveu dar um "oi"! Passeio do dia: Parque do Caracol. Chegando lá descobri que na verdade onde eu queria ir não era no parque e sim, nos Bondinhos Aéreos que fazem parte do complexo dos Parques da Serra, mas tudo bem, eles ficam próximos.


O passeio custa R$ 36,00 (carinho) mas, comparado aos R$ 62,00 do bondinho do Pão de Açúcar, é aceitável. A vista é incrível e no dia que fui garoava e em questão de segundos a neblina da mesma forma que cobriu tudo também foi embora. A cachoeira do Parque do Caracol é linda e no acesso através do parque chega-se bem mais próximo. Existem duas etapas nos bondinhos e uma delas você pode optar por fazer uma mini trilha e visitar um espaço com as esculturas que "falam" do Sr. Masaharu Hata - hoje já falecido, ele criou esculturas de animais de uma forma que ao ter o atrito com um pedaço de madeira no local talhado de cada escultura, o som proveniente é exatamente do animal em questão. Sensacional o trabalho das esculturas "falantes"...rsss

Passeio feito, hora de voltar para a estrada porque o pernoite ainda seria em Caxias do Sul. Uma passada bem rápida no Lago Negro, chovia muito e resolvi seguir em frente e logo chego em Nova Petrópolis. Além de ser conhecida por suas malharias, Nova Petrópolis tem bem no centro da cidade a praça das flores com um jardim na forma de labirinto, super bacana mas como estava chovendo não consegui tirar uma foto legal.




Pois bem, já que estava aquela chuvinha, friozinho, neblina e já retornava da viagem, me vi praticamente obrigada a fazer uma última parada:  Café Colonial Opa's Kaffeehaus. Eu, obviamente já havia lido sobre este local, porém, ao chegar e ver do que realmente se tratava..., brunch dos sonhos de qualquer mortal.
O Café surgiu em 1986 e preserva até hoje toda a tradição alemã com músicas, atendentes vestidas a caráter e é claro, a culinária extraordinária. O café tem o valor de R$ 42,00 ou R$ 44,00 por pessoa e toda esta mesa é servida quantas vezes você quiser. Conforme as travessinhas acabam eles servem outra. Os bules de chá, leite, café e a jarra de suco também e ainda por cima depois elas passam com um carrinho oferecendo vários tipos de tortas. É de sair rolando...rsss. Não comi nem um terço desta mesa e tudo estava divinamente saboroso. Super indico quantas vezes forem necessárias. Parada mais que obrigatória em Nova Petrópolis.

E depois disto, voltei à Caxias para mais um pernoite apenas para pegar o voo na manhã seguinte com malas a mais cheias de garrafas de vinhos e sucos. À propósito, fica esta dica também: vá preparado para voltar com mais malas do que quando for.

Eu já programo um retorno, desta vez no verão para ver as parreiras verdinhas carregadas de uvas e fazer um piquenique nos vinhedos.

Bis Bald!